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CLUBE DE COMPRAS DALLAS/Crítica – Aids e contravenção

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Na disputa pelas estatuetas de melhor filme, roteiro original, ator e ator coadjuvante no Oscar 2014, Clube de Compras Dallas está menos preocupado em apresentar o tema da Aids pelo dilema moral e mais como questão de saúde pública

Matthew McConaughey em cena de CLUBE DE COMPRAS DALLAS (2013), de Jean-Marc Vallée

Matthew McConaughey em cena de CLUBE DE COMPRAS DALLAS (2013), de Jean-Marc Vallée

O enfrentamento da morte, o sofrimento e a discriminação da vítima e a doença vinculada à noção de peste ou epidemia são questões que geralmente os filmes comerciais costumam associar quando a Aids é pensada como tema. Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club, 2013) parece escolher outro caminho: compreender a disseminação da Aids em meados dos anos 80 não prioritariamente como questão moral a partir do olhar dos sujeitos envolvidos, mas como problema de saúde pública.

Neste filme dirigido pelo canadense Jean-Marc Vallée (o mesmo de C.R.A.Z.Y., 2005), a trajetória do personagem Ron Woodroof (Matthew McConaughey) é um contraponto à habitual representação do soropositivo no cinema. Ele não se situa no contexto urbano, underground ou mesmo da cultura gay, mas dentro da mentalidade rústica texana, do conservadorismo, da figura do machão heterossexual. Pela construção deste personagem, a relação com a doença é menos uma condição de perdição, lamentação e fatalidade. A Aids é aqui o desencadeador de uma estratégia de sobrevivência, ainda que sejam necessários meios ilícitos para se manter vivo apesar da doença.

Quando o médico lhe dá o prognóstico de apenas 30 dias de vida, Ron não aceita morrer. Na época em que a descoberta de medicamentos – como o AZT – ainda estava em fase experimental, Ron busca alternativas de tratamento. Encontra drogas menos tóxicas e agressivas, mas que não são legitimadas pelo Estado. Ron não só consome tais remédios ilegais. Ele faz disso um negócio. Torna-se uma espécie de traficante destes medicamentos, fornecendo para outros soropositivos que pudessem pagar a mensalidade de seu “clube de compras”.

Jared Leto e Matthew McConaughey: boas interpretações em CLUBE DE COMPRAS DALLAS (2013), de Jean-Marc Vallée

Jared Leto e Matthew McConaughey em CLUBE DE COMPRAS DALLAS (2013), de Jean-Marc Vallée

Além de colocar em crise seus preconceitos ao se tornar amigo de uma travesti (Jared Leto) que vira seu sócio, Ron confronta médicos que seguiam as normas da FDA e a polícia que inspecionava sua residência e confiscava os remédios. O clube de compras representava um risco aos interesses da indústria farmacêutica, que lucrava com a comercialização exclusiva do AZT. Para sobreviver, era necessário estar à margem, ser contraventor. Assim a Aids se coloca como questão de saúde pública.

O filme transita por todos estes desdobramentos, sem se cristalizar como uma tese sobre a época. A direção de Jean-Marc Vallée toma cuidado em não caricaturar os personagens, embora eles sejam construções muito marcadas – McConaughey perdeu mais de 20 quilos e explora o sotaque sulista já visto em Killer Joe (2011); Jared Leto também precisou perder peso para interpretar a travesti Rayon. Clube de Compras Dallas é um filme de personagens complexos em situações já exploradas outras vezes pelo repertório cinematográfico, mas que ganham uma revisitação com novas abordagens.

BLOG COTAÇÃO ÓTIMOFicha técnica

BLOG QUADRO COTAÇÕESCLUBE DE COMPRAS DALLAS

Dallas Buyers Club
EUA, 2013
Direção: Jean-Marc Vallée
Elenco: Matthew McConaughey, Jared Leto, Jennifer Garner, Steve ZahnDallas Roberts, Kevin Rankin, Denis O’Hare
117 minutos
16 anos
Universal Pictures

Veja o trailer:

Clique aqui para assistir o vídeo inserido.

 

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